terça-feira, 3 de abril de 2012

Tipos de Distorção

Ao longo do tempo tenho percebido que a maior parte dos guitarristas mais novos (e outros nem tão novos assim) ainda tem muitas dúvidas sobre as diferenças entre os tipos de distorção existentes.
Por isso considerei importante abordarmos este assunto, que apesar de já ter sido bastente discutido, ainda gera muitas minhocas no cérebro de guitarristas que não param de surgir (guitarristas, uni-vos!).
É necessário entender as diferenças entre aquilo que é chamado de overdrive, fuzz e distorção. É claro que dentro de cada categoria, é possível encontrar uma vasta gama de timbres diferentes - principalmente hoje, com a febre dos pedais feitos à mão (os handmade). Assim, a grosso modo podemos dividir tudo nestas três categorias:

Overdrive é aquele efeito de baixo a médio ganho (low/med gain), onde geralmente há algum destaque nas freqüências médias. Associa-se como referência (uma delas, claro) o famoso pedal Ibanez Tubescreamer, ou TS-9. Nesta praia temos também os Boss SD-1 e o OD-3. Há também os pedais mais “transparentes”, ou seja, aqueles que não acrescentam ou retiram freqüências do som original, como o Barber LTD ou o Klon Centaur.
Não é o tipo de distorção que você poderia usar para tocar Metallica, mas seria ideal para tocar John Mayer.

Distortion já muda bastante com relação ao overdrive por ter muito mais saturação ou ganho. Pode-se perceber que os agudos estão mais presentes e cortantes do que no overdrive, e os graves chegam junto quando exigidos. Agora sim, temos a situação ideal para tocar Metallica e afins, pois quando você toca abafando com a mão direita você tem aquele “chunk” grave e bonito.
Exemplos famosos: Marshall Jackhammer, ProCo RAT e DS-1 da Boss, amado por uns e odiado por outros - mas isso é assunto para outro post.

Fuzz é o tipo mais agressivo de distorção. Nem dá pra chamar de distorção, porque fuzz é fuzz. É radical, extremo, tem como característica o que chamam de alta granulação. Todavia, esta granulação pode ser atenuada ou até sumir como podemos observar no timbre do David Gilmour.
Geralmente o que ocorre é que guitarristas ou não conhecem este efeito ou detestam com todas as suas forças. O que acontece, ora pois? É que, por desconhecer como funciona, a galera acaba cometendo erros. “Quero uma distorção pesadona pra tocar Slipknot, quero um fuzz”, dizem. Daí ligam o fuzz num ampli transistorizado de 15W. Sai aquele som abelhado e ridículo, sem peso e a consistência do som do Slipknot, ê, pobreza! Amigos, é que esta não é a condição ideal para o fuzz. Com a condição ideal, você consegue o som do John Frusciante, do Pearl Jam, do Mudhoney, do Hendrix, enfim... e sobre como conseguir a condição ideal para o fuzz ficar legal, peço que aguarde eu escrever este artigo!

O Abraço de Hoje vai para a galera da Zero DB Joinville, para o Polvani (THE luthier), para o pessoal da AMUJ (Anderson, Kleber e Tony), e para o Björn do belíssimo site www.gilmourish.com
Obrigado pela visita e volte sempre!

David Contesini

Não perca, em breve:

Sobre como a distorção evoluiu;
Meu pedal é ruim;
Alteração em pedais;
Tocar no quarto/tocar ao vivo;
Valvulado/transistorizado;
Distorção digital/analógica.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

O que é mais importante comprar primeiro?

Hoje eu tava aconselhando mais um aluno (oi Lucas!) sobre por onde começar na compra de equipamentos. Comprar pedais antes do amp? Calma lá, garotada, pedal não é tudo.

Antes de mais nada, quero dizer que eu fiz exatamente isso quando eu era (mais) jovem. Fui lá em Itajaí comprar um pedal que soasse igual a distorção do Jimi Hendrix. Tinha que ser pelo menos parecido. Comprei um Oliver HM-20 Heavy Metal e tava feliz da vida. Lá estava eu, com minha Giannini Stratosonic linda, toda preta, ligada no meu pedalzão, que tava espetado num 3 em 1 da Frahm (era assim que se chamavam os aparelhos de som há 20 anos). E eu estava cada vez mais convencido que o som que saía não se parecia com o som do Jimi Hendrix. Que efadonho.

Se eu tivesse investido num amplificador bacaninha ao invés de comprar o pedal logo de cara, teria sido outra história. Na época não havia opções como hoje, nem eu tinha a visão que eu tenho hoje. Vou lhes dizer o que eu faria se fosse você, prezado guitarrista iniciante. Seguiria, pela ordem, as dicas de um velho coyote do deserto que ralou muito entre péssimos e excelentes equipamentos. Vai lá:

1) Pegaria uma Tagima 635 (strato de excelente custo-benefício) - se você achar uma guitarra melhor que essa por menos de R$800, lhe dou meus parabéns (tá ouvindo Tagima?). Ainda mais agora, que o Márcio Zaganin está cuidando de perto da fabricação destas belezinhas... e se você gosta de humbucker na ponte, compre um escudo novo e peça para algum luthier instalar um Hot Bucker Tagima, que fica 10.

2) Investiria num amplificador valvulado, pequeno - esses dias andei testando um amp de R$1.000: o Laney Cub 10, e fiquei de queixo caído. Experimente usar o Volume e o Tone no 10 e regular o volume pelo Gain. Outra: por que NOTA: essa dica vale para os mais experientes também. Com um amp desses, amigo, é som profissional e diversão na certa.

3) Esqueceria pedaleiras digitais e compraria pedais da Fuhrmann - outra situação de ótimo custo-benefício: são pedais que não chegam a R$200. Vá por mim quando digo que pedais vão soar melhor do que pedaleiras com 365 efeitos. Já tive pedais, hoje tenho uma Boss GT8 e estou voltando para os pedais, e não é pela força da onda dos pedais que já tomou conta.

É claro que os exemplos acima são apenas exemplos, embora sejam modelos aplicáveis para uma boa parte dos distintos cavalheiros. Não sou endorser de nenhuma marca acima (quem me dera!). Mais tarde vou tratar dos 3 itens acima com mais detalhes, pois é muito assunto pra um tópico só.

Um abraço!

domingo, 18 de abril de 2010

Episódio de hoje: mãos em greve

No post anterior eu mencionei que não houve interrupções desde que comecei a tocar, aos 16 anos. Bom, pra falar a verdade... teve uma interrupção, sim. Mas foi só de 3 meses, só isso!

Fui morar em Salvador/BA, na época em que meu pai trabalhou lá, em 1993. Sem a minha guitarra, pois fomos de carro, numa viagem de 3 dias e meio, muito legal. Depois de 3 meses, quando voltei pra Santa Catarina, mal cheguei em casa e fui direto pegar na minha guitarra! Eu tinha muitas saudades da minha Dolphin GX 3020T (com micro-afinação, o fino!), era a minha mais nova conquista.

Mas aconteceu algo que eu não esperava. Tive que (literalmente) sentar e chorar. Meus dedos haviam enferrujado, não obedeciam. O engraçado é que, no cérebro, a execução das escalas fluía normalmente - mas as mãos não obedeciam. Veja só o que 90 dias sem tocar guitarra fazem à um pobre estudante!

Só que de lá pra cá não deixei isto acontecer novamente. Aprendi a lição de primeira, foi horrível passar por aquela experiência. Foi como um pesadelo, com a seguinte diferença: num pesadelo você consegue acordar. Naquela ocasião eu tive que correr atrás do prejuízo, treinando muito, tudo outra vez. Haja saco.

Moral da história: se você toca guitarra por amor, nunca pare. Você precisa dela, deve tratá-la bem, estar constantemente junto à ela. Construa um relacionamento. Mas, se você faz isso apenas para impressionar... desista. Vá tentar outra coisa, isto não é para você, vai acabar frustrado.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Well, well... primeiro post!

Móóóito bem, temos aqui o início de tudo. Ao menos na internet, pois no 'mundo real' de Neo e Morpheus já fazem quase duas décadas que a guitarra faz parte da minha história.

Desde o tempo em que eu apenas conseguia colocar as mãos em uma guitarra quando era emprestada, feia ou ruim... até chegar aos dias de hoje - foram 18 anos com muito 'overdriven sound', sem interrupções.

Neste blog você vai conhecer um pouco da minha história e das coisas valiosas que aprendi durante todo este tempo tocando guitarra. Tracei um caminho como quem vai mata virgem adentro sem ter nem ao menos um facão pra ajudar a abrir o caminho. Foi muito difícil no início, mas também extremamente viciante. Nem tão difícil hoje, mas ainda estou viciado (risada macabra).

Meu objetivo aqui é falar de tudo um pouco, e ajudar quem está começando na guitarra a entender melhor algumas coisas essenciais. Assim a coisa fica mais fácil, pois, na multidão de conselhos há sabedoria.

Abraços - David.